Encontrei nosso colega Luiz Alberto hibernando, praticamente um ermitão, largado, para-choque murcho, farol baixo, passando frio, as imagens, como podem ver, são impressionantes.
Em uma operação de guerra, sai de Lima onde estou passando 2 semanas trabalhando, peguei um taxi e parti para Punta Hermosa. O objetivo era "O Resgate". Cheguei na Pousada do Luisfer às 07:00h da manhã de sábado, 28 setembro 2013. Tudo quieto, vazio, uma névoa pairava sobre toda a região. Entrei na ala dos quartos e chamei pelo Luiz. Logo ele apareceu de uma das cavernas. Não se conteve e veio correndo me abraçar.
Apesar do frio, decidimos ir surfar em Punta Rocas, já que esta seria sua última caída no Peru.
Estávamos sem carro e quem conhece sabe do perrengue que é ir de Busum até Punta. Vestimos os Longs, botinha, e começamos a caminhar até a estrada onde pegaríamos o dito cujo. Novamente, as imagens são impressionantes. A condução era bem pior do que este aqui embaixo. Imaginem o Luiz entrando com sua 8 pés dentro desta lata.
Ao chegarmos em Punta Rocas, foi só alegria. Apesar do crowd de Peruanos dentro da água, as ondas estavam como sempre, ótimas. As séries maiores demorando um pouco mas quando vinham, chagava a uns 2 m. Iniciamos a remada até o pico sem grandes problemas. Surfamos boas ondas, tomamos belas vacas, ondas na cabeça, tudo normal. O que eu não esperava foi o principio de hipotermia que passei na saída da água. Tremia igual a um bambu, a mão roxa, quase preta. Câimbras diversas, difícil de andar. E foi congelado, passando mal de frio, que andamos até a estrada e pegamos a lata velha de volta até o Luisfer. Chegando na Toca do Careca, entrei em um banho fervendo ainda de long e comecei a derreter. Igual a esta "fria", nos meus 42 anos de surf, ainda não havia passado. Horas depois ainda estava tremendo.
Graças ao carisma do Luiz, conseguimos um belo café da manhã fora de hora, com direito a mingau, ovos, pão, chocolate quente e até abacate. Ajudou a recuperar um pouco a energia.
Aqui embaixo, já quase recuperado.
Já deixei reservada esta prancha abaixo para uma caidinha em Pico Alto na próxima vinda ao Peru. Segundo Luis, filho do Luisfer, Pico Alto quebrou com 30 pés em Junho passado.
Missão cumprida.
